sábado, 9 de junho de 2012

Crianças perversas: um mal que precisa ser cortado pela raiz


Por Fátima Chuecco - Via ANDA                 
Animais incendiados ou enterrados vivos, espancados até a morte, enforcados, torturados, envenenados ou mortos por injeção letal – todos esses procedimentos são comuns em psicopatas. O alvo predileto: criaturas frágeis, ingênuas, indefesas, fáceis de enganar, capturar e manter sob seu domínio – e os animais se enquadram em todos os itens, assim como as crianças, mulheres e idosos que, numa segunda etapa da vida de um psicopata, podem se tornar seus alvos.
Segundo estudos do FBI, na sua grande maioria (cerca de 80%), os psicopatas começam a carreira matando animais. Por isso, em países como Estados Unidos e Inglaterra, os matadores de animais já são tratados e julgados de forma diferenciada que avança para muito além do crime de maus-tratos a animais. Nesses locais já se entende que deter esses indivíduos ou monitorá-los, quando começam a matar animais na infância, representa uma medida preventiva, de proteção não somente aos animais, mas a toda a sociedade.
Assinadas pela jornalista Fátima Chuecco, colaboradora da ANDA e sempre atuante no jornalismo pela causa animal, as matérias levantarão os casos dos psicopatas mais famosos do Brasil e no Exterior a fim de instigar a reflexão e motivar que casos onde se percebe comportamento psicopata sejam avaliados de forma mais ampla e recebam a punição adequada para evitar que os crimes continuem se propagando e, inclusive, migrando, da matança de bichos para o assassinato de pessoas.
Histórias impressionantes desfilarão pela série que estará também fornecendo canais para denúncias e dicas de como identificar indivíduos de perfil psicopata.
Afinal, eles estão entre nós e muitas vezes ninguém percebe! Podem se esconder no disfarce de um simpático ou bondoso vizinho. É muito importante denunciar todo e qualquer matador de animais seja ele matador em série, em massa ou temporário.
Deter esses indivíduos salva a vida de animais e de pessoas. À propósito, no Brasil, 80 mil crianças desaparecem por ano. É um número extraordinariamente alto. Elas somem sem qualquer indicio de seqüestro ou pedido de resgate e podem estar caindo nas mesmas mãos daqueles que assassinam animais.


Crianças Perversas: um mal que precisa ser cortado pela raiz
“Mas é apenas uma criança!”. 
Quantas vezes não ouvimos essa frase quando uma criança é acusada de ter ferido ou mesmo matado um animal? Inadvertidamente, muitos pais deixam de dar importância a um comportamento violento que pode progredir ao longo dos anos e culminar em um psicopata assassino.
Em 2008 bastaram apenas 35 minutos para que um garoto de sete anos de idade matasse 13 animais em um zoo na Austrália. O ato não foi nada inocente. O menino, desacompanhado dos pais, entrou no setor de répteis, pegou uma pedra e bateu com força contra um lagarto diversas vezes até o animal morrer. Depois atirou mais dez animais para dentro da jaula de um crocodilo: foram dez lagartos, quatro dragões barbudos, dois diabos-espinhosos, uma tartaruga e uma iguana de 20 anos. Pelas câmeras do zoo, o menino foi flagrado rindo enquanto assistia o crocodilo atacar um indefeso lagarto de língua azul.
O mais assustador é a rapidez com que essa criança cometeu tantos crimes. E escapou por pouco de um processo, pois, no Território do Norte da Austrália, onde o fato ocorreu, as leis levam a julgamento pessoas a partir de 10 anos de idade. Seus pais, no entanto, foram processados pela falta de controle do filho e também por terem arriscado a própria vida dele, facilitando que ficasse tão perto de um crocodilo.
Assassino mirim brasileiro
Em 2004 um crime cometido em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul chocou o país. A vítima, Maicon Rodrigues dos Santos, tinha seis anos. O menino teve a cabeça mergulhada em um poço e em seguida foi agredido com pauladas no peito, num nível de brutalidade difícil de imaginar ainda mais pela idade do agressor que tinha apenas 11 anos de idade.
Uma das testemunhas, uma menina de 10 anos, disse que ela, Maicon e mais um colega tinham convidado o agressor para um terreno baldio onde comeriam os restos de uma festa para crianças promovida por um Centro de Umbanda. No local o agressor pegou Maicon no colo para atravessar um córrego e em seguida enfiou sua cabeça no poço e começou a bater nele. As demais crianças correram para buscar ajuda.
O assassino mirim confessou que matava gatos com frequência da mesma forma e que não tinha dó dos bichos porque estava acostumado a ver cabritos, pombas e galinhas mortos em rituais (conforme noticia publicada pelo jornal Zero Hora de 1 de junho de 2004). Um caso recente envolve crianças de 5, 7 e 9 anos de idade que à facadas mataram 27 galinhas e ainda arrancaram a cabeça e penas. Um cenário de desespero para os animais, mas que para as crianças não passou de diversão.
O fato ocorreu em São João Batista, cidade a 75 km de Florianópolis (SC), em maio. Foi registrado boletim de ocorrência, mas não foi aberto inquérito. O caso está sob responsabilidade do Conselho Tutelar da cidade que ficou de encaminhar os menores para orientação psicológica.


Transtorno de Conduta
No Brasil as crianças com comportamento perverso recebem o diagnóstico de “transtorno de conduta” e não recebem qualquer punição, muitas vezes nem tratamento porque grande parte dos pais não quer assumir que tem um filho com tendência à crueldade e esconde o fato. Associa-se a esse comportamento causas genéticas, lesões cerebrais, abusos na escola ou em casa.
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), menores de 18 anos não podem ser tratados como psicopatas porque suas personalidades ainda não estão totalmente formadas. Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) aponta que cerca de 3,4% das crianças mentem, furtam, brigam e desrespeitam regras básicas, mas se também forem cruéis com os animais é motivo para os pais procurarem ajuda psicológica com urgência.
A vantagem é que nas crianças ainda existe uma chance de mudança de conduta se ela for muito bem assistida e, especialmente, orientada em outra direção com tratamento psiquiátrico. Ainda que se trate de um problema genético, sem ambiente propício à maldade, a criança com tendência à psicopatia pode mudar o rumo de sua vida e aprender a direcionar sua violência latente para a Arte ou outras formas de expressão em que não prejudique bichos ou pessoas.


Segundo o psicólogo canadense Robert Hare “não é possível afirmar que uma criança agressiva se tornará um psicopata, mas certamente será um adulto problemático se age de modo cruel com outras crianças e animais, mente olhando nos olhos e não tem remorso”.O tema “Crianças Perversas” não poderia deixar de citar Mary Bell, considerada a primeira assassina mirim do mundo. Quem poderia imaginar que essa linda e delicada garota iria matar duas outras crianças? Isso aconteceu em 1968 na Inglaterra e a primeira vítima foi um


Escala da Violência
Hare criou uma escala da violência que varia de 1 a 40 para medir o nível de psicopatia nos assassinos em série. Os de grau mais elevado, segundo ele, têm total ausência de sentimentos como remorso e gratidão, extrema facilidade para mentir e grande capacidade de manipulação. Quando flagrados fazendo algo errado procuram convencer a todos que estão sendo mal interpretados.
Brasil começa a estudar os matadores de animais


Um estudo do FBI da década de 80 mostrou que em 88% das famílias onde houve abuso sexual infantil, houve também abuso de animais e que 80% dos psicopatas começam matando bichos. Por conta disso, o FBI recomenda que os departamentos de Polícia dos Estados Unidos compartilhem casos de crueldade contra animais. É uma medida preventiva contra a violência.

No Brasil já se começa também a pensar no assunto e o Comando do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo dará início, ainda este ano, a um estudo que pretende relacionar maus-tratos a animais a outros crimes. “Trata-se de um tema que exigirá tabulação dos dados e análise do seu conteúdo, por isso a Polícia Militar está em fase de análise da melhor metodologia científica para obtenção do resultado”, comenta Milton Sussumu Nomura, coronel da PM.

Serão analisados, em um primeiro momento, os dados da Polícia Militar de São Paulo e, dependendo do resultado, a mesma metodologia poderá ser compartilhada com os demais Estados a fim de produzir um diagnóstico nacional. Serão usados históricos criminais e registros de ocorrências de maus-tratos a animais. Estima-se que a análise de todas as ocorrências demore pelo menos 6 meses, ou seja, deve estar pronta no final de 2012.

“O foco é a existência ou não do link entre maus-tratos contra animais e violência contra pessoas nas ocorrências atendidas pela PM. Essa análise, posteriormente, poderá fomentar a implementação de políticas mais adequadas ao tratamento das ocorrências de maus-tratos contra os animais (penalização, destinação dos animais agredidos, cuidados com as pessoas no ambiente familiar em que assistiram violência contra animais e cuidados com os bichos onde já há noticias de violências familiares”, explica o Coronel.

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