sexta-feira, 28 de julho de 2017

A LEI DO SILÊNCIO

Ninguém a vê. 

Ninguém a ouve.


Ela está ali, imobilizada, trêmula e nervosa. Seu algoz aguarda o momento certo e penetra sua vagina com um longo objeto de metal.  Muitas vezes ansioso e tenso para acabar logo com aquilo e partir para a próxima vítima, machuca e lacera o órgão da vítima com o único propósito do prazer egoísta e imediato. Desse contato nascerá um filho. Filho este que lhe será arrancado logo depois do nascimento por outras mãos. As marcas são profundas e, o pior de tudo, é a certeza que esta mesma vítima será violada novamente daqui a um ano ou menos, e novamente depois disso, até o final de sua curta vida. A vitima deste estupro é uma vaca. O objeto de prazer é o seu paladar.

Vamos por partes. Imagine uma mulher nesta situação. Pode ser sua mãe, sua tia, sua irmã ou esposa. Talvez até mesmo sua filha, sua vizinha ou uma desconhecida que resolve postar o caso nas redes sociais. Você se compadece. Você se revolta. Ninguém merece passar por uma situação semelhante. Ninguém. Nenhum ser vivo. Certo? 

Pois bem. A vítima deste relato é uma vaca. Uma vaca qualquer, dentre tantas que passam pela mesma situação diariamente. Uma vaca que você não conhece, talvez aquela que aparece toda feliz na embalagem de leite ou queijo que você comprou ontem à tarde. Uma vaca. Sem nome, sem identidade, talvez apenas com um número balançando na ponta de sua orelha. Mas você não a conhece, nunca a viu. Para você, ela não é A vaca. É apenas UMA vaca. Mas ela foi estuprada. E a culpa é sua, meu amigo.

Como assim, uma vaca estuprada? E o que você tem a ver com isso?

Se buscarmos no dicionário o significado de estupro teremos "contato sexual sem consentimento e com emprego de força; violação". O termo não se aplica apenas a uma determinada espécie. Estupro é estupro. Ponto.

Mas aí vem a pior parte. Esta vaca está sendo continuamente estuprada durante sua vida, engravidada a força, vendo seu filhote ser levado assim que sai de suas entranhas para virar carne de vitela em algum açougue de esquina ou restaurante caro, unicamente para saciar o seu prazer. O prazer do seu paladar. Tudo isso para que você possa tomar seu café com leite ou ver o queijo derretendo de sua pizza no forno, enquanto toma algumas cervejas com amigos na sexta à noite.

A indústria da carne é cruel. Mas, se é que isso pode ser possível, a indústria do leite é ainda mais. Não se engane, pois não existem fazendas felizes como na embalagem dos laticínios, onde as vacas pastam felizes com seus bezerros e fornecem o que sobra de seu leite para que você possa tomá-lo. Estas vacas, que poderiam viver cerca de 25 anos se estivessem livres na natureza, passam suas vidas inteiras em máquinas de ordenha, tendo o leite que deveria ser tomado por seu filhote sugado diretamente para a prateleira do supermercado, para que você possa saciar seu paladar. São continuamente expostas a hormônios e antibióticos para que a produção aumente cada vez mais. Muitas vezes esta superprodução de leite acarreta as mesma consequências de qualquer mamífero que produz leite em excesso e ela tem episódios dolorosos de mastite. Suas tetas sangram e infeccionam. (Vale lembrar que todos estes hormônios, antibióticos e pus estão no leite que você toma, pois as leis brasileiras permitem que haja uma certa quantidade de pus por copo de leite.)

Assim será a vida desta vaca. Ela será estuprada e engravidada a força; verá seu filhote ser arrastado para longe nas primeiras horas de vida e seu leite lhe será roubado. E quando estiver em condições precárias e não servir mais para a indústria do leite, o que deve ocorrer em cerca de quatro ou cinco anos, será enviada para um abatedouro, onde colocarão uma arma em seu crânio, desmembrarão  seu corpo e a mandarão para o seu prato. Afinal de contas, a indústria não pode parar.

Mas você pode. Esta história está acontecendo unicamente porque você permite. Estas engrenagens são movidas pelos seus hábitos.

Pense. Reflita. Mude. 

Quebre este silêncio e grite! Grite muito! Seja a voz daqueles que não podem pedir socorro. Seja vegano.

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