O inquérito ainda não foi concluído, mas o trio investigado pela autoria de pelo menos oito assassinatos em série, praticados contra mulheres nas cidades pernambucanas de Garanhuns, Recife e Olinda e ainda na Paraíba e Rio Grande do Norte, devem ser indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, sequestro, falsidade ideológica e estelionato.
No entanto, relatos feitos com frieza e riqueza de detalhes por Jorge Negromonte, Isabel Pereira e Bruna Cristina de Oliveira da Silva revelam uma face ainda mais cruel dos assassinatos e um crime contra a saúde pública, considerado hediondo pela Justiça: a carne das vítimas era ingerida pelos adultos e pela criança raptada pelo trio - que chegou a consumir a carne da própria mãe - e servia para o preparo de alimentos vendidos na cidade. Sem saber, moradores da cidade de Garanhuns, último ponto de parada dos suspeitos, também teriam praticado canibalismo.
Os suspeitos contaram que desfiavam parte da carne das vítimas e transformavam em salgados, como coxinhas e empadas, para serem vendidos pelas ruas. Carnes humanas, temperadas, teriam sido encontradas em um freezer na residência dos suspeitos e levadas por populares que invadiram a casa na tarde da quarta-feira passada. Testemunhas afirmaram já ter visto e até comprado a comida sem saber que se tratava de restos mortais.
Riscos - Deixando de lado a questão ética, os riscos da ingestão da carne humana, de acordo com a Vigilância Sanitária de Garanhuns, são os mesmos da ingestão de qualquer tipo de carne animal. “Toda carne tem que passar por análise para ser consumida. Se as mulheres apresentavam alguma patologia, essas doenças podem ser transmitidas, como acontece com qualquer animal”, diz a chefe da Vigilância Sanitária de Garanhuns, Catarina Pereira de Almeida.
Orientações - Ela esclarece aos eventuais consumidores dos produtos vendidos pelo trio que, em princípio, não é necessário procurar serviços de saúde. "Caso essas pessoas apresentem vômito, diarreia ou dores abdominais, devem procurar um médico para fazer exames", afirma Catarina.
Para o representante da Vigilância Sanitária estadual no município, Manoel Luiz de França, a falta de condições para a produção de alimentos, que pode ser comprovada pelas imagens feitas no imóvel dos assassinos, já são um indício de risco à saúde de quem consumiu os salgados: “De qualquer forma, toda manipulação de alimentos deve ser feita de maneira apropriada e o local com certeza não era adequado.”
Fonte: Diário de Pernambuco
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